Eu sempre procurei aprender mais sobre treinamento e nutrição. Nunca fui o cara com a melhor genética, então tinha que compensa-la com trabalho e estudo.
Embebido na pressa desesperadora de desenvolver quadrados na barriga e peitos que vibram resolvi procurar por direções dos grandes sábios dos ferros. Assim, como você pode adivinhar, não procurei o cara mais inteligente da academia, mas pelo rapaz que tinha a circunferência do bíceps mais gorda.
“Marcão” era o nome do sujeito. Não era nada menos do que você espera de alguém que possui um nome no aumentativo. 50 de braço, regata cavada, grunhidos, o legítimo maromba da velha guarda.
Entre séries de supino decidi encher o peito com uma pouco de coragem além de ácido lático e ir perguntar para o abominável homem dos ferros quais eram suas principais estratégias para ganhos tão expressivos.
“Marcão, bom cara? como eu faço pra crescer?” Disse com a voz insegura o magricela que não que incomodar o urso em seu habitat natural.
“Quer crescer garoto? É só comer um miojo todas as manhãs e treinar com o maior peso que você conseguir levantar”
“Uau” Então esse era o segredo. Quem diria que a chave para hipertrofia estava atrás da indústria de macarrões instantâneos.
A fim de colocar em prática os conselhos do meu mestre o mais rápido possível, na minha próxima série de peito fiz questão de colocar mais 10 kgs de cada lado. Execução controlada? amplitude de movimento? isso é coisa de frango…
Minha transformação havia começado.
Meus próximos meses foram recheados de Nissin Lámen e exercícios com peso exagerado e nenhuma atenção a forma de execução. Era esse o segredo dos campeões. A balança e o acréscimo de kilos nos treinamentos não poderiam estar errados. Marcão era um gênio.
Até que em um dia o mundo já não parecia mais o belo jardim de rosas hipertróficas que sempre foi. Reparei que eu havia me transformado em um lutador de sumô e não nas grandes estrelas da era moderna do fisiculturismo que sempre me inspiraram. Dores nas costas frequentes, sentimento de fraqueza o dia todo. Algo tinha que estar errado.
De novo, com a frustração como semente para a ação, decidi procurar algumas fontes mais confiáveis nesse belo mundo fitness. Foi no mesmo dia – ou mês – que conheci o guia para treinamento natural do Caio Bottura que desafiou tudo que eu conhecia na época e me permitiu conhecer as pirâmides do Dr. Eric helms sobre treinamento e nutrição que mudaram minha vida na academia.
Descobri que não importa a quantidade de repetições, é possível acrescentar músculos treinando tanto com altas cargas quanto com baixas, desde que o volume seja igualado.
Descobri que a alimentação é permissiva a evolução vinda dos estímulos da academia. Você pode comer o que quiser desde que suas calorias e macros se equilibrem com seus objetivos. Arroz, feijão, frutas, bolachas, frango, churrasco, tortas, pudins, tudo pode ser incluso. Finalmente as rodinhas da minha bicicleta havia sido tiradas e o passeio começava a mostrar suas recompensas.
O novo treino, a nova alimentação e, mais importante, a novo forma de pensar, fizeram com que eu tivesse mais resultados em 6 meses do que nos últimos dois anos.
Por que eu parei de ouvir o cara mais forte da academia?
#1 Testosterona pode disfarçar seus tropeços
Esse estudo tinha o objetivo de analisar o uso de testosterona e o ganho de massa magra e força.
Foram divididos 4 grupos:
- Placebo sem Exercícios
- Testosterona sem Exercícios
& - Placebo com Exercícios.
- Testosterona com Exercícios.
Aqui um resumo dos resultados.
Se analisarmos com carinho, podemos notar que os ganhos do grupo do placebo mais exercícios, foram semelhantes ao grupo da testosterona sem exercícios. E, ambos os grupos, foram destruídos quando testosterona foi associada a exercícios.
Quando pisei na academia não sabia que além da variável nutrição e treinamento existia também a variável recursos ergogênicos. Essa terceira variável oculta pode ser a que tornou os resultados do Marcão possíveis e, os meus, apenas sonhos.
2#A heurística da representatividade
O nosso cérebro está sempre disposto a tomar a via de menor esforço para tomar uma decisão. Para isso, ele usa o seguinte método de raciocínio: “Se se parece com um ______ na minha cabeça, logo deve ser um ___________”
(Ex: Se é musculoso, logo ele deve saber o que fazer para ficar grande; Se tem cabelo grande, deve gostar de rock, etc)
Essa forma de pensamento salvou a vida dos seus antepassados. Todavia, hoje, pode te fazer cometer belos deslizes. Faz sentido sair correndo ao ouvir um rugido e associa-lo a um animal selvagem mas ver alguém que veste o “estereótipo” de um grupo e coloca-la em uma caixa é uma péssima ideia.
Nem sempre o mais forte é o que mais sabe sobre como ficar forte. Nem sempre é o cara de terno que é o advogado e nem sempre é o cabeludo o roqueiro.
Nós assumimos que alguém forte saiba o que está fazendo e alguém que não tenha um físico impressionante não saiba nada. É por isso que você vai atrás dos “Marcões” da sua academia e, muitas vezes, acaba como eu: Comendo miojos e tendo dores nas costas ao invés de ter ganhos musculares.
O que fazer ao invés?
#1 Pare de ouvir pessoas, comece a escutar ideias
A partir de agora você não deve mais analisar a qualidade de um conselho pelo tamanho do bíceps da fonte, ou pela quantidade de placas de diplomas penduradas na sua parede, mas pela racionalização e argumentação de suas ideias.
Pense criticamente, analise a ideia, veja se a literatura científica a comprova, aplique-a por um tempo definido, teste variáveis e veja o que funciona para você.
Se torne um agnóstico de ideias: Uma pessoa que apenas analisa a veracidade e aplicabilidade do bit de conhecimento independente da fonte de qual ela seja emitida.
#2 Escute pessoas com uma reputação de ouro
Existem aqueles que querem só vender produtos em cima de promessas mirabolantes, mas também existem aqueles que querem te entregar a educação necessária para resultados expressivos de longo prazo. Corra do primeiro grupo, abrace o segundo.
Nesse artigo, reuni uma boa lista de pessoas que acredito que fazem um ótimo trabalho na promoção de boas ideias sobre treinamento, nutrição e desenvolvimento pessoal.
Conclusão
Todos passamos pela fase de aprendizagem e cometer tropeços no começo faz parte da jornada. Hoje, temos a internet com os conhecimentos melhores mentes do planeta.
Ao trocar Marcões por mestres e barulhos por livros, você tem tudo que precisa na palma da sua mão para obter os resultados que sempre desejou.
Com disciplina, persistência e resiliência para permanecer nessa dança com os ferros por tempo suficiente, seus resultados são questão de tempo.